quarta-feira, 5 de junho de 2013

Lembro-me de minha infância e de minhas experiências com leitura e escrita com muito saudosismo. Ouvir histórias foi o começo de tudo; sempre que meu avô ia nos visitar, sentávamos para ouvi-lo contar as histórias de quando ele chegou da Espanha aos onze anos de idade, eu e meus irmãos criávamos um mundo só nosso enquanto ele ia nos contando. Meu pai também, motivado, contava-nos suas vivências. Depois vieram os livros e, para incetivar a leitura, a diretora da escola em que eu estudava homenageava os alunos que mais retiravam livros da biblioteca, ganhei várias, amava aquele ambiente, fosse para retirar os livros e levá-los para casa, fosse para fazer pesquisas - não tínhamos a facilidade da internet naquela época -, enfim, estar ali, cercada de livros, era sempre muito agradável. Lembro-me também de uma professora que nos pedia para fazer uma redação por semana. Na segunda-feira, ela passava o tema e na sexta, tínhamos que ler nosso texto para os colegas da classe. Sempre que produzia uma redação, para conferir se estavam bons, eu ia para a sala onde meus pais ficavam assistindo à tv, desligava o aparelho e lia o texto em pé na frente deles, impondo a minha presença. O incentivo era grande, eles batiam palma e diziam que eu já tinha um dez garantido. Apesar de eles nunca terem tido o habito de ler e nunca terem lido para mim, apesar da escassez de livros em casa, as histórias contadas, as conversas, seus cuidados, enfim, tudo, foram extremamente significativos para criar minha identidade, para eu me tornar quem sou, isto é, uma professora apaixonada por livros, pela leitura.  

Um comentário:

  1. Que bom Madalena Resina que teve despertado em você esta paixão pelos livros, desta forma poderá passar isso aos alunos...pois nada com o exemplo como um real argumento.

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