sábado, 22 de junho de 2013

Situação de Aprendizagem "Pausa" – Moacyr Scliar

Antes da Leitura
ü  Chamar atenção do aluno com relação ao tema;
ü  Tipologia textual (Crônica);
ü  Quais as características de uma crônica?
ü  Expectativa em função do autor;
ü  Com base nas respostas dos alunos o professor faz as devidas intervenções;
Durante a leitura
ü  Questioná-los qual a finalidade do texto;
ü  Esclarecimentos de palavras desconhecidas como:
a)      Vacilantes
b)      Chambre
c)       Vorazmente
d)      Longínquos
e)      Carcomido
f)       Lancinante
g)      Soturno
ü  Identificação de parágrafo chave e intertextualidade através de uma música ou texto;
ü  A partir deste parágrafo instigá-los a dar continuidade para o texto, o aluno vai dar um final diferente para a crônica;
Depois da leitura
ü  Divisão dos grupos;
ü  Trazer uma crônica para a classe;
ü  Fazer a leitura em grupo e analisar as crônicas quanto as suas características textuais e estrutura;
ü  Selecionar as palavras desconhecidas e montar um bingo com essas palavras e posteriormente buscar o seu significado;
ü  Finalizar com uma produção escrita do gênero crônica ;
ü  Selecionar duas crônicas para fazer a reescrita.

Elaine Perazolli

quarta-feira, 19 de junho de 2013

TEXTO:Meu Primeiro Beijo (Antonio Barreto)

É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem 
com quem? Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos 
exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e 
morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...
Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos 
seus milhares de bilhetinhos:
"Você é a glicose do meu metabolismo.
Te amo muito!
Paracelso"
E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou 
com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de 
mulher... E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber 
que tipo de lance ia rolar.
No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, 
veio com o seguinte papo:
- Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.
Mas ele continuou:
- Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias 
e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou 
na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:
- A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 
0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo 
menos 250 bactérias...
Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os 
meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem 
os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso 
aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, 
fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro 
de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns 
segundos.
E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, 
o abismo do primeiro beijo.Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos 
apaixonados por várias semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o 
tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram...e 
foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!

BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD

Situação de Aprendizagem: MEU PRIMEIRO BEIJO

1º)o professor deve fazer uma sensibilização sobre o assunto.Conversar sobre como foi o primeiro beijo, quem já deu o 1ºbeijo; também sobre os tipos de beijos que existem e o que cada um representa .
2º) deve-se realizar uma leitura compartilhada, onde o professor vai interferindo e explicando algumas dificuldade que irão aparecer
3º) fazer um entendimento mais detalhado das expressões que aparecem no  texto e da descrição que encontramos sobre o beijo.
4º) pedir que os alunos relatem algum beijo de amor que viram em novelas ou filmes;
5º)mostrar alguns beijos de amor, que ficaram famosos como o 1ºbeijo da TV brasileira, beijos de alguns filmes (como "O vento levou"; "Uma linda mulher"(onde o combinado era que não  poderia haver beijos na boca); os beijos de príncipes e princesas...inclusive em "sapos"...enfim explora o assunto,utilizando-se de recursos tecnológicos .(comparar com os beijos que eles citaram no ítem 4)



6º)fazer um levantamento coletivo, com músicas onde apareçam a palavra "beijo"
7º)verificar que dentro do texto apresentado, existe também um 2ºtexto "um bilhete"...abordar a estrutura do mesmo e do texto principal.

Depois de muito explorar o assunto, conversar ainda, sobre como são nossas expectativas, com a 1ª vez...em ir a uma escola; num curso; ou ainda uma situação de apresentar o 1º namorado(a) à família, ou ir até a casa dele(a) ; o primeiro emprego;enfim propor a produção de um texto, onde abordarão o assunto tratado, como uma estreia em algo na vida.Esta produção deverá ser feita individualmente; em seguida os alunos poderão trocar seus textos para serem corrigidos por colegas; para depois o professor corrigi-los.Os alunos que quiserem também poderão ler à frente da classe o texto escrito e revisado.









terça-feira, 18 de junho de 2013

Depoimento Rosinez


Meu depoimento:
 O início de minha vida escolar foi muito alegre. Entrei direto na 1ª série com sete anos, pois eu estudei em escola de fazenda (rural) . Era uma única sala com três séries trabalhando juntas, distribuídas em três fileiras: cada fileira representava uma série.Chamava Escola Mista da Barra Mansa. Minha professora era Dona Lindíria, adorável, elegante, magrinha, muito competente. Ensinou-me muito.Que saudades! Dona Lindíria trazia os livros, lindos, tão esperados, pois nós, alunos, éramos bem humildes e não tínhamos condições de comprá-los. Eu adorava ler aqueles livros. Gostava mais de ler, pois escrever não era o meu ponto forte... Ah e quando, a professora lia para nós. Eu nem respirava. Ficava só imaginando as personagens, os lugares. Viajava na leitura. Foi muito bom... Tive outros professores que também me incentivaram a leitura. Atualmente, leciono em Itapuí. E já tenho 24 de carreira no magistério


Rosinez Bovi

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Situação de Aprendizagem: MEU PRIMEIRO BEIJO
Professora: Rosinez Bovi de Freitas Miranda
Público alvo: 9º ano
Duração: de 5 a 6 aulas

                                                   Antes da leitura
§ O professor levar para a sala o significado do beijo nas diversas culturas do mundo.
§ Análise de músicas com o tema "BEIJO". Sugestões: Já sei namorar (Tribalistas), Na base do beijo ( Ivete Sangalo), ou outras.

                                                   Durante a leitura
(Parar em um trecho que achar propício). Perguntar: a) o que faz o menino ser chamado de "Cultura Inútil?
b)  O que o garoto quis dizer com: "Você é a glicose do meu metabolismo"?
c)  O que é um NERD? Você considera o garoto um NERD?

                                                    Depois da leitura
a) Qual o público-alvo do texto? Por quê?
b) Qual o período da vida dessa personagem?
c) Em relação ao foco narrativo, podemos dizer que está em primeira ou terceira pessoa? Justifique com um trecho do texto?
d) Quanto tempo se passou entre o recebimento do bilhete e o primeiro beijo?
e) Qual o julgamento que a narradora faz do 1º beijo?
f) Que estratégias o menino usou para que a menina mudasse de comportamento em relação a ele?
g) Como podemos caracterizar psicologicamente as personagens?
h) Explique a  seguinte frase: "As contas do telefone aumentaram, depois diminuíram".

                                                            Produção
Sugestões:
a) Produza outro final para essa história.

b) Produza uma enquete sobre o primeiro beijo, o primeiro namorado, o primeiro amor, etc.



domingo, 16 de junho de 2013

Relato de experiência de leitura de Elaine Carneiro Perazolli

Tenho ótimas lembranças dos meus primeiros momentos de leitura. Também fui alfabetizada com a cartilha Caminho Suave, eu adorava as lições que a cada dia a pofessora nos ensinava. Eu me lembro que tinha dificuldade na pronúncia do /x/ nas últimas lições e meu pai me ajudava em casa quando ele chegava do trabalho. Mas, criei o hábito pela leitura quando fui para o 7o ano. Eu tinha uma professora de português que eu a admirava muito, ela lia para os alunos alguns capítulos de livros com histórias que nos faziam despertar o interesse. E, depois ela parava e nós cheios de curiosidade para saber o final das histórias íamos à Biblioteca em busca do livro.
Eu procuro na minha prática seguir o exemplo da minha professora que indicava livros com temas atraentes,como: romance, aventura, suspense, terror, mistério,etc. O que me marcou muito nesse período foram livros da "Coleção Vagalume": A ilha perdida, O escaravelho do diabo, Éramos seis, Um cadáver ouve rádio, etc.
Tive também a minha avó materna como exemplo ela adorava ler, lia de tudo: bulas de remédios, receitas culinárias, revistas, jornais e livros de literatura. Isso me chamava atenção, então pedia para que ela lesse em voz alta. E, gostava mais ainda quando ela contava aquelas histórias de tradição oral, os "causos" daquela época.
A leitura é um momento mágico que nos traz lembranças por toda nossa vida!

                                     Temos aqui um texto que pode ser muito explorado em sala de aula:  

TEXTO"AVESTRUZ" (Mário Prata)



"O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus dez anos, uma avestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu as avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto.Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruzes. E se entregavam em domicílio.E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. A avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar a avestruz, deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa uma avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase três metros. 2,7 para ser mais exato.Mas eu estava falando da sua criação por deus. Colocou um pescoço que não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar que saíssem voando em bandos por aí assustando as demais aves normais.Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em cada pé. Sacanagem, Senhor!Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo. Tanto é que logo depois, Adão, dando os nomes a tudo que via pela frente, olhou para aquele ser meio abominável e disse: Struthio camelus australis. Que é o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de salsicha.Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que 
elas vivem até os setenta anos e se reproduzem plenamente até os quarenta, entrando depois na menopausa, não têm, portanto, TPM. Uma avestruz com TPM é perigosíssima!Podem gerar de dez a trinta crias por ano, expliquei ao garoto, filho da minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento.Ele insiste, quer que eu leve uma avestruz para ele de avião, no domingo. Não sabia mais o que fazer.Foi quando descobri que elas comem o que encontram pela frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo. máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e, principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em quando cai bem.Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz por cinco gaivotas e um urubu.
Pedi para a minha amiga levar o garoto num psicólogo. Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz."


Biografia


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Mario Prata é um escritor, dramaturgo, jornalista e cronista brasileiro. É natural de Uberaba, Minas Gerais, mas viveu boa parte da infância e adolescência em Lins, interior de São Paulo. Em mais de 50 anos de escrita, tem no currículo 3 mil crônicas e cerca de 80 títulos, entre romances, livros de contos, roteiros e peças teatrais. Na carreira, recebeu 18 prêmios nacionais e estrangeiros, com obras reconhecidas no cinema, literatura, teatro e televisão.

Situação de aprendizagem com o texto acima

Público Alvo:8ºano/7ªsérie
Aulas previstas: 06
Conteúdos e temas: traços característicos da crônica narrativa.            
Competências e habilidades: reconhecer características do gênero “crônica”, comparar a narrativa em diferentes gêneros.

Passo 1 – Apresentar a quadrinha adaptada do livro   "de Avestruz a Zebra"
                               
“É um  animal que engole tudo,
 Moeda, tampa e botão.
 É uma ave que não voa,
 Mas corre feito rojão
 Você sabe o que é então?”

Fazer  questionamentos:
      - Quem já ouviu falar ou já viu um avestruz?
      - Quais as características deste animal?
      - O que ele come?
      - O que o título sugere?
      -Você já ouviu falar neste autor?
      (falar sobre o autor, ler a biografia)
      

Passo 2 – Durante a leitura
  
       Inicia-se a leitura colaborativa ou compartilhada com inferências do professor  acerca do vocabulário e expressões como: TPM, Floripa, Higianópolis, struthio etc.

      Quanto ao gênero, o texto corresponde ao que se esperava?  A qual gênero pertence?

     Mostrar dentro da tipologia narrativa, que há vários gêneros que contam  histórias. Que esse especialmente é uma crônica narrativa, assim fornecendo as características do gênero, confrontando com conto, fabula e lenda.

Reflexão:

      Perguntar se os alunos entenderam o texto.
      O que fez o menino mudar de ideia em relação ao  presente?
      Os argumentos foram convincentes e resolveram o problema?


Passo 3 - Após leitura

     a) Propor uma reescrita do texto, priorizando a dupla produtiva. Em seguida troca-se os textos para uma revisão  que posteriormente volta à dupla autora, para reconhecer seus erros e corrigí-los.
     
             Opção para dar continuidade ao assunto:

 Exibir o filme “Os pingüins do papai”, para as comparações finais, exaltando a diferença, de que o menino queria receber um presente inusitado, mas acabou desistindo mas na verdade, trocando por outro presente, também inusitado. Já no filme, o protagonista  recebeu um presente que não era esperado, acabando adaptando o próprio apartamento para os pinguins.O filme mostra como um presente inusitado, pode mudar a vida do protagonista, da família dele e até melhorando o relacionamento entre toda a família, onde aprende-se muito com o próprio comportamento da espécie que teve que conviver.



Situação de Aprendizagem- Pausa
 
Duração: 5 a 6 aulas
 
Observação: Entregar apenas a 1ª folha
 
1-     Levantamento de conhecimentos prévios ( Sondagem)
a)      Perguntar o que os alunos pensam que vai ser falado em um texto com tal título.
 
2-     Pela leitura do primeiro parágrafo, perguntar sobre o narrador, se ele é personagem ou apenas observador;
a)      Pela leitura do diálogo entre marido e mulher, inferir sobre as características dos personagens e da relação: o que está acontecendo? Quem está falando com quem? Do que essas pessoas estão falando?
b)      A partir do momento em que o personagem entra no hotel, se identificando com outro nome, o que vocês pensam que pode acontecer?
c)      A partir de então, pedir para eles continuarem a história, elaborando um possível desfecho;
d)      Pedir para que os alunos que apresentam mais dificuldades façam duplas com os alunos que apresentam menos dificuldades, para que haja a interação no processo de escrita;
e)      Levar o texto para os alunos para apontamentos que os ajudem a desenvolver as habilidades de leitura e escrita;
f)        Entregar e fazer as intervenções necessárias quanto a progressão temática;
g)      Ler uma das redações produzidas pela classe;
h)      Apresentar o desfecho original e levantar disparidades e semelhanças em relação aos textos deles;
i)        Após a leitura, organizar uma dramatização, convidando os alunos que se propuseram a participar, principalmente os que apresentam dificuldades na escrita, motivando e mobilizando as habilidades orais deles.

3-     Para trabalhar a intertextualidade temática o professor deve levar a música “ Cotidiano”, de Chico Buarque e mediar uma análise paralela à crônica.
 
4- Passar para a classe o filme "Click"
a) Após o filme, sugerir uma reflexão: o que eles mudariam na vida deles, se pudessem? o que poderiam fazer de diferente? em que momento de suas vidas, eles pausariam pelo fato de ter sido muito bom? que outros momentos gostaria que nunca tivesse existido?
b) A partir da reflexão, propor uma produção final em que eles devem se colocar no lugar da personagem do filme, ou seja, narrador em primeira pessoa e fazer as modificações já comentadas anteriormente. Pedir para fazer um rascunho, trocar as produções com os colegas a fim de conferir a clareza e coerência do texto e depois passar a limpo.
c) Propiciar um momento de leitura dessas produções, sempre respeitando os alunos que gostam de ler em público e os que não se sentem à vontade.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Lembro-me de minha infância e de minhas experiências com leitura e escrita com muito saudosismo. Ouvir histórias foi o começo de tudo; sempre que meu avô ia nos visitar, sentávamos para ouvi-lo contar as histórias de quando ele chegou da Espanha aos onze anos de idade, eu e meus irmãos criávamos um mundo só nosso enquanto ele ia nos contando. Meu pai também, motivado, contava-nos suas vivências. Depois vieram os livros e, para incetivar a leitura, a diretora da escola em que eu estudava homenageava os alunos que mais retiravam livros da biblioteca, ganhei várias, amava aquele ambiente, fosse para retirar os livros e levá-los para casa, fosse para fazer pesquisas - não tínhamos a facilidade da internet naquela época -, enfim, estar ali, cercada de livros, era sempre muito agradável. Lembro-me também de uma professora que nos pedia para fazer uma redação por semana. Na segunda-feira, ela passava o tema e na sexta, tínhamos que ler nosso texto para os colegas da classe. Sempre que produzia uma redação, para conferir se estavam bons, eu ia para a sala onde meus pais ficavam assistindo à tv, desligava o aparelho e lia o texto em pé na frente deles, impondo a minha presença. O incentivo era grande, eles batiam palma e diziam que eu já tinha um dez garantido. Apesar de eles nunca terem tido o habito de ler e nunca terem lido para mim, apesar da escassez de livros em casa, as histórias contadas, as conversas, seus cuidados, enfim, tudo, foram extremamente significativos para criar minha identidade, para eu me tornar quem sou, isto é, uma professora apaixonada por livros, pela leitura.  

domingo, 2 de junho de 2013


Meu depoimento


                      Sou também professora de educação infantil...e sempre tomo um cuidado ainda maior em minhas experiências com meus pequenos alunos...pois consigo, até hoje, lembrar-me muito do meu 1ºano na escola.
                   Minha 1ª professora, tinha o nome de Lourdes...alguém que chegava na sala de aula sempre muito arrumada, maquiada e muito cheirosa (consigo sentir o cheiro dela se forçar a memória) Adorava quando ela aproximava-se de mim em minha mesa e eu podia sentir de perto, o cheiro do perfume que ela usava...enfim, esta mulher tão meiga e cheirosa me ajudou na iniciação da leitura e escrita. Lembro-me de um texto, que levei para casa de tarefa, para uma leitura...li e reli inúmeras vezes e aprendi o significado de uma palavra nova “ambas”...achei demais...não parava mais de usar este vocábulo em minhas frases... E neste momento, em que escrevo neste fórum, fiquei com tantas saudades da época, da professora, do texto; que escrevi no google a frase que em minha memória está gravada  “ambas ficaram sem a boneca” .e tive uma nova experiência de leitura e escrita...visualizei todo o texto...vendo que se tratava de um poema chamado “A boneca” de Olavo Bilac...sinceramente não tinha tido contato com o texto novamente e nem lembrava-me do autor , mas este depoimento me proporcionou este reencontro...”
               A Boneca           
                                          
Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira: "É minha!"
— "É minha!" a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca
 
                                        Olavo Bilac